Jovens saem mais tarde de casa, adiam casamento e têm emprego precário
Os jovens portugueses saem mais tarde de casa dos pais, adiam o casamento e os filhos e sujeitam-se a empregos precários, revela um estudo sobre o perfil da juventude portuguesa apresentado hoje em Braga.
Não conseguir estabilidade económica obriga a adiar o casamento e os filhos (Daniel Rocha/PÚBLICO (arquivo))
O relatório "A condição juvenil portuguesa na viragem do milénio", elaborado por sociólogos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, apresenta um "retrato longitudinal da população juvenil portuguesa" de 1990 a 2005, através de fontes estatísticas oficiais.
Segundo o estudo, a população jovem decresceu cerca de oito por cento entre 1991 e 2004, passando de um quarto para apenas um quinto da população portuguesa.
O relatório realça que "hoje a condição juvenil corresponde a um tempo mais alargado" (até aos 29 anos), entre outros factores por via do prolongamento das carreiras escolares, do retardamento e da vulnerabilidade da entrada dos jovens no mercado de trabalho, cada vez mais sujeitos ao desemprego, subemprego e emprego temporário.
Esta situação influencia os sucessivos adiamentos da autonomia, com a saída dos jovens da casa dos pais cada vez mais tarde, constituindo família também mais tarde.
"A condição juvenil diversificou-se bastante, há muitas, e cada vez mais, maneiras de se ser jovem", sublinha.
O relatório salienta ainda que os casos de tuberculose têm diminuído, apesar desta doença ser a que mais prevalece entre os jovens, que registam menos condutas de risco, mantendo estáveis os consumos de tabaco e de bebidas alcoólicas.
O estudo será apresentado na Universidade do Minho, durante a Conferência Nacional de Juventude, que encerra o Programa Nacional da Juventude (PNJ), da responsabilidade da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, numa sessão presidida pelo ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, e pelo secretário de Estado da Juventude, Laurentino Dias.
O PNJ pretendeu, através de várias iniciativas iniciadas em Março, discutir um modelo de política pública de juventude, a implementar no período de 2007 a 2013.
O estudo foi coordenado por José Machado Pais e Vítor Sérgio Ferreira e desenvolvido por Ana Matos Fernandes, Jorge Vieira, Pedro Puga e Susana Barrisco, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Cruzou dados de várias entidades oficiais, nomeadamente o Instituto Nacional Estatística, Direcção-Geral do Tesouro, Instituto do Emprego e Formação Profissional, Ministério da Saúde, Observatório Nacional de Saúde, Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo, Direcção-geral de Viação, Gabinete de Política Legislativa e Planeamento do Ministério da Justiça.